Poema inédito
lamber a dor obscura
que adormece sob a nossa consciência incerta
há tanto por fazer e tanto por viver
aí onde estás tão longe do que nos queres
não faltam sonhos impossíveis
e luzes semiacesas
a consciência não gosta da penumbra
perturba-lhe a lucidez do verbo correto
e faz surgir objectos inesperados
que rodopiam voando sobre a convicção absurda do absurdo
gostas como eu
de um amanhecer fresco e confiante
em que o trilho se estende imenso até um horizonte inacabado
mas
se há verdade alguma na essência disto a que chamamos universo
é que o caminho é sempre desenhado
apenas depois de percorrido